quarta-feira, 11 de abril de 2012

Paçoquinha rolha.



Estou fumando um cigarro que não é o meu e meu monitor insiste em desligar a todo o momento. O governo proibiu a venda de cigarros mentolados, em longo prazo, mas ninguém consome mais esta iguaria. Aliás, acho que deveria ser proibido o cigarro, e a bebida alcoólica também. Sou apocalíptico.

Quanto ao meu monitor, estou escrevendo sem ver, uma tarefa intrigante, como na época em que meu pai me obrigava a digitar, ou melhor, datilografar sem errar. Nunca aprendi datilografia e muito menos minha letra ajuda. Sempre tive um apreço pelo computador, desde moleque e confesso que digito com uma rapidez e às vezes sem olhar. Estou treinando neste momento, olhando para uma tela preta e torcendo para que isto esteja sendo salvo.

Mas pulando a parte de estar escrevendo ser ver, hoje acordei meio indignado com uma outra iguaria brasileira um tanto quanto estranha, a porcaria da paçoca. Minha irmã é viciada e meu afilhado esta indo pelo mesmo caminho. Mas não é qualquer paçoca, são aquelas em formato de rolha. Paçocas do mal. Confesso que sou meio avesso ao doce, os doutores exigem que eu perca peso com urgência, e que um dos poucos doces que como é o tal de gibi. Mas a paçoca rolha realmente me incomoda.

É um doce salgado, farinhento e que invariavelmente acaba caindo mais da metade no chão. Então é um doce sem nexo. A boca seca e ficamos iguais a cachorro comendo miolo de pão: passando a língua pela boca toda pra tirar a porcaria que fica grudada. Não existe a possibilidade de se dar uma mordida. É um doce egoísta. Ou você põe todo na boca ou perde metade.

É como pegar areia e por em forminhas. Bolo de grama. Quando criança eu ia à praia com meu baldinho e adorava fazer castelos, usando o balde como forma. Um paçocão rolhão! Já ouvi alguns dizerem que tenho complexo com o referido doce, mas não. Só acho muito sem graça como salada de chuchu ou salsinha na comida.

Se o governo, que é um governo sério, quisesse realmente ser levado a sério, deveria vender chuchu e paçoquinha rolha no lugar de cigarro e bebida. Não sou a favor da bebida alcoólica nem do tabagismo, mas vamos devagar com a hipocrisia. Não é proibindo as sacolinhas de supermercado que iremos salvar o mundo, só o tornaremos um lugar mais chato e hipócrita, pois sequer temos coleta seletiva de lixo em todos os lugares! 

Como diria o poeta, espirrar na farinha é bobagem, ou melhor, falar farofa com a boca cheia de paçoquinha rolha é bobagem.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sono radioativo.


Estou numa maré de vagabundagem. Não posso dizer que estou “como o diabo gosta” porque estou como pedi a Deus: sem nada pra fazer, tomando sol e pescando. Por vezes vendo televisão, outras ouvindo uns roquezinhos clássicos, cozinhando, lendo um bom conto maluco de Oscar Wild...

Mas bocejando o dia todo.

Eu não sou hipocondríaco, mas estou quase. Tudo que é tipo de doença eu tenho (eu acho). A última é algum problema cardíaco. Este sono, como diria o outro lá, não é de Deus.

Escrevendo este texto eu bocejei 8 vezes até aqui, isto depois de ter limpado (daquele jeito) a casa.

Estudei durante quase 40 dias para um concurso público macanudo, que resolveria meus problemas de grana, mas acho que não passei. Acertei pouco mais de 50% da prova, pequei nas questões de legislação... Eu confesso que li toda a apostila de 500 páginas, mas me entretive mesmo lendo crônicas do João Ubaldo Ribeiro, grande mestre vivente na Ilha radioativa de Itaparica.

Eu acho que este lance de radioatividade da Ilha de Itaparica veio no livro dele, e me contagiou. Estou bocejando de novo.

É uma coisa rara e quem tiver interesse em saber como funciona o negócio da radioatividade de Itaparica, pesquise, pois ou eu estou com problemas cardíacos, ou radioativo. A famosa radiação de lá ataca em 99% dos casos os homens, que tem uma preguiça sem fim.

Ontem mesmo, estava pescando com minha mãe e dormi com o caniço sobre a barriga por longa meia hora, embaixo de um sol que me deixou da cor do pecado: vermelho.

Não pesquei nada, sequer um lambari ou tilápia pra contar causos mentirosos, muito menos as famosas piranhas da Guarapiranga... Uma lástima, pra quem eu não sei por que curti um soninho muito prazeroso.

Eu preciso de emprego? Não, eu preciso de dinheiro. Se trabalho fosse bom se chamaria diversão, ou esbórnia. Eu honestamente não me queixaria de trabalhar em um lugar legal e ganhar uma grana boa. Mas como a maioria dos empregos não são legais e pagam uma mixaria, acho melhor eu cultivar a radiação por aqui mesmo.

Preciso lavar a louça do almoço, mas estou pensando em deixar quarando sob a luz da lua. Deixe-a fazer o serviço, já que mulher não pega a radioatividade...