Estou fumando um cigarro que não
é o meu e meu monitor insiste em desligar a todo o momento. O governo proibiu a
venda de cigarros mentolados, em longo prazo, mas ninguém consome mais esta
iguaria. Aliás, acho que deveria ser proibido o cigarro, e a bebida alcoólica
também. Sou apocalíptico.
Quanto ao meu monitor, estou
escrevendo sem ver, uma tarefa intrigante, como na época em que meu pai me
obrigava a digitar, ou melhor, datilografar sem errar. Nunca aprendi
datilografia e muito menos minha letra ajuda. Sempre tive um apreço pelo
computador, desde moleque e confesso que digito com uma rapidez e às vezes sem
olhar. Estou treinando neste momento, olhando para uma tela preta e torcendo
para que isto esteja sendo salvo.
Mas pulando a parte de estar
escrevendo ser ver, hoje acordei meio indignado com uma outra iguaria
brasileira um tanto quanto estranha, a porcaria da paçoca. Minha irmã é viciada
e meu afilhado esta indo pelo mesmo caminho. Mas não é qualquer paçoca, são
aquelas em formato de rolha. Paçocas do mal. Confesso que sou meio avesso ao
doce, os doutores exigem que eu perca peso com urgência, e que um dos poucos
doces que como é o tal de gibi. Mas a paçoca rolha realmente me incomoda.
É um doce salgado, farinhento e
que invariavelmente acaba caindo mais da metade no chão. Então é um doce sem
nexo. A boca seca e ficamos iguais a cachorro comendo miolo de pão: passando a
língua pela boca toda pra tirar a porcaria que fica grudada. Não existe a
possibilidade de se dar uma mordida. É um doce egoísta. Ou você põe todo na
boca ou perde metade.
É como pegar areia e por em
forminhas. Bolo de grama. Quando criança eu ia à praia com meu baldinho e
adorava fazer castelos, usando o balde como forma. Um paçocão rolhão! Já ouvi
alguns dizerem que tenho complexo com o referido doce, mas não. Só acho muito
sem graça como salada de chuchu ou salsinha na comida.
Se o governo, que é um governo
sério, quisesse realmente ser levado a sério, deveria vender chuchu e
paçoquinha rolha no lugar de cigarro e bebida. Não sou a favor da bebida
alcoólica nem do tabagismo, mas vamos devagar com a hipocrisia. Não é proibindo
as sacolinhas de supermercado que iremos salvar o mundo, só o tornaremos um
lugar mais chato e hipócrita, pois sequer temos coleta seletiva de lixo em todos
os lugares!
Como diria o poeta, espirrar na farinha é bobagem, ou melhor, falar
farofa com a boca cheia de paçoquinha rolha é bobagem.